Portas fechadas
O opiniondesmaker cita a minha frase "Teriamos que falar de coisas verdadeiramente importantes e nós não sabemos, não é?" para concluir que "É que - às vezes - já nem sei o que é realmente importante.
Por isso, o que importa acaba por ser tudo o que estava escondido, e que aparece quando se abre uma porta." Falta esclarecer quem abre a porta, quando abre a porta e por que motivo abre a porta. E que porta.
Portugal está cheio de portas fechadas.
Há portas difíceis de abrir, com muitas trancas e muita gente que se "esqueceu" da chave. Portas cheias de esqueletos como a pedofilia, as relações perigosas que destruiram a paisagem, a corrupção, a fuga aos impostos, as pontes que caem.
Há portas que deveriam estar sempre abertas, para não servirem de abrigo aos ratos. São as portas favoritas dos media, fáceis de abrir e efeito garantido nas audiências. Somos gatos atrás dos ratos (favores de ministros...) que nos atiram em timings calculados para que nos esqueçamos dos esqueletos.
Há portas abertas para bibliotecas, que fazemos questão de fechar, porque não vemos nada de sumarento lá dentro.
Há portas para materiais de limpeza e conservação, que não abrimos porque não temos pachorra para cuidar de nada e menos orgulho no pouco que nos resta.
E há a porta favorita de todos: a porta que não é suposto que se abra, porque a piada está em espreitar pela fechadura. (O logotipo do IOL é exactamente isso: uma fechadura para espreitar. Como é possível alguém não se sentir desconfortável quando recebe uma factura com tal logotipo?)
Portanto, caro opiniondesmaker, de que portas falamos, quando falamos de portas?
(E temos Portas, mas isso são contas de outro rosário)
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