"Language is a Virus"
No livro "The Language Police", Diane Ravich mostra como o politicamente correcto entrou nos manuais das escolas americanas, começando com um louvável propósito de não discriminação e tornando-se num monstro feito de textos absurdos, proibições idiotas e envio para index de muitos dos clássicos americanos.
Um exemplo citado num artigo da cnn: "She says a lot of people are having fun finding new titles for Ernest Hemingway's "The Old Man and the Sea" which presents problems with every word except "and" and "the." Ravitch said old is ageist, man is sexist and sea can't be used in case a student lives inland and doesn't grasp the concept of a large body of water. "
Isto seria absolutamente ridículo, se não fosse absolutamente trágico. É uma versão real do "Newspeak" de "Mil novecentos e Oitenta e Quatro", como aliás refere a própria autora.
O conteúdo destes manuais é uma decorrência da actividade dos vários grupos de pressão nos Estados Unidos, quer arrumados globalmente entre esquerda e direita, quer tudo o que são minorias de qualquer espécie.
Parece-me evidente que o que se ensina na escola decorre de certas condições sociais específicas. O que torna a nossa situação muito semelhante à dos Estados Unidos. Em Portugal não há grupos de pressão, há conluios na sombra entre os vários poderes. Mas há um poder visível, que é o das televisões, que têm tanto mais poder quanto mais analfabetos forem os seus clientes.
A polémica relacionada com os manuais de português parte por isso de uma premissa errada: que isto é um fenómeno estranho, que deve ser rapidamente corrigido, e o Big Brother não deve voltar a entrar nos manuais. Mas o Big Brother não é, ao contrário do que gostariam certas elites (as que não o vêem) um objecto estanque, que fica ali naquela caixa, que a sua influência é nula. Infelizmente para elas, o Big Brother e outro lixo não só formata comportamentos como tende a espalhar-se como um virus. A escola é um dos organismos com menos mecanismos de defesa.
É tudo muito natural.
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