domingo, setembro 21, 2003

Valores de Mercado 003/03

Há uns anos atrás, numa lojeca de província, uma cliente estava indecisa entre dois pares de raquetes de praia. Um deles era simples, sem desenhos, nada, madeira limpa. O outro era pintado com publicidade à loja. A empregada explicava que este par era, naturalmente, mais caro. A cliente levou o mais caro.

Foi, a ní­vel micro, uma notável obra de presuasão a partir de uma lógica absolutamente inversa do que seria aceitável. A cliente não só pagou mais pela publicidade, como ainda foi fazer publicidade de graça para a praia! Notável, de facto. Ia chamar-lhe estúpida, idiota, imbecil, ignorante, mas sou muito tí­mido.

Claro que eu e o Amável Leitor, pessoas inteligentes e conhecedoras dos mecanismos do sistema de mercado, nunca somos convencidos pelas lógicas enviesadas da publicidade, e as nossas opções de compra são sempre ditadas por decisões pessoais racionais ou, no máximo, pelo conselho de amigos, não é?