Cadeia alimentar
"Esse é o problema das elites portuguesas: elas gostariam de ter outro país. Um país mais culto e mais educado, mais 'moderno' e sem bolsas de pobreza dramáticas. Por isso, em vez de aborrecerem os portugueses, deviam primeiro olhar para si próprias. Para a televisão que criaram, para a escola que permitiram, para a arrogância da vida política, para os maus exemplos empresariais."
O Aviz acha que as elites portuguesas gostariam de ter outro país. Ora precisamente, elas não querem ter outro país. Nunca quiseram. Um pais "mais culto e mais educado" implicaria alguma renovação das elites, quando os seus elementos mais medíocres fossem substituídos, por via do mérito, pelos elementos mais capazes do "povo" (sim, o modelo é muito simples, eu sei). Ora as nossas bestiais elites estão claramente ao nível do instinto animal da auto-preservação. Na hierarquia de necessidades de Maslow, elas estão, quanto muito, no segundo patamar, a segurança, a protecção contra as ameaças externas.
Por isso, o conceito de "país mais culto e educado" é, para as elites portuguesas, é algo absolutamente ininteligível. Os seus filhos mentecaptos são, antes de tudo, seus filhos, e há que proteger a ninhada. Não se protege uma ninhada alimentando os potenciais predadores. Claro que, numa cadeia alimentar, um elo de baixo forte torna o elo de cima mais forte, mas no caso português o topo é tão reles que só lhe resta enfraquecer o resto da cadeia.
Eu, pessoalmente, tenho pena deles. Embora não me importasse de os ver cozer em lume brando nos caldeirões do Inferno.
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