quarta-feira, fevereiro 11, 2004

O eterno retorno

O António, habitualmente tão crítico, cai na esparrela em que todos, invariavelmente, caimos: atirar para as calendas (gregas, naturalmente) a resolução dos erros do presente. Sempre foi assim, por que motivo seria diferente?

Se o homónimo Borges acha que "precisamos de uma nova geração de dirigentes", o António atira logo com "uma nova geração de dirigentes, não só na economia, como na política, sociedade, cultura e desporto".

Erro crasso. Achar que os problemas do país se resolvem com uma nova geração é o primeiro passo para desresponsabilizar a geração actual. É uma variante da culpa a morrer solteira. As novas gerações nunca são melhores, nem piores. São sempre iguais, mutatis mutandis. Têm igual quantidade de génios, o mesmo número de cobardes. Para quê fazê-los expiar uma culpa que não é deles?

Esperar pela próxima geração redentora é deixar prescrever os crimes desta, que se vai passeando impune. Não são camelos, e no Céu não há agulhas. Sempre foi assim.

Seria tão mais simples, se lhes dissessemos: "Vocês fizeram asneira, vocês vão pagar por isso, vocês vão ter de encontrar soluções. Vocês."

Mas nunca foi assim, por que motivo seria agora?