O eterno retorno
O António, habitualmente tão crítico, cai na esparrela em que todos, invariavelmente, caimos: atirar para as calendas (gregas, naturalmente) a resolução dos erros do presente. Sempre foi assim, por que motivo seria diferente?
Se o homónimo Borges acha que "precisamos de uma nova geração de dirigentes", o António atira logo com "uma nova geração de dirigentes, não só na economia, como na política, sociedade, cultura e desporto".
Erro crasso. Achar que os problemas do país se resolvem com uma nova geração é o primeiro passo para desresponsabilizar a geração actual. É uma variante da culpa a morrer solteira. As novas gerações nunca são melhores, nem piores. São sempre iguais, mutatis mutandis. Têm igual quantidade de génios, o mesmo número de cobardes. Para quê fazê-los expiar uma culpa que não é deles?
Esperar pela próxima geração redentora é deixar prescrever os crimes desta, que se vai passeando impune. Não são camelos, e no Céu não há agulhas. Sempre foi assim.
Seria tão mais simples, se lhes dissessemos: "Vocês fizeram asneira, vocês vão pagar por isso, vocês vão ter de encontrar soluções. Vocês."
Mas nunca foi assim, por que motivo seria agora?
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