Velhos
Este mapa representa a percentagem de velhos (65+ anos) entre a população residente, de acordo com os Censos de 2001, por freguesia. Tons mais escuros indicam maior percentagem de velhos.
Não sei se vale a pena qualquer comentário, tendo em conta a total contradição entre a realidade e o discurso político.
Este é o Portugal Profundo em todo o seu esplendor (há outros pontos de vista). Uma imensa reserva de velhos, muito queridos, quase fofos, vistos de dentro do jipe no caminho para o monte ao fim-de-semana.
Um perder de vista de lugares sem trabalho, sem a esperança mínima de uma vidinha decente de onde apenas o idiota da aldeia não foge. Todos fogem, todos mentem, dizendo que voltam. Não voltam. Mentiras piedosas que tentam desculpar uma espécie de traição à terra. E os velhos ficam, contando os mortos, e esperando.
Este é também o Portugal Suburbano, onde "ser velho" é um conceito abstracto ou, na melhor das hipóteses, algo que só acontece aos outros, aqueles que ficam no cenário, quando cerramos a cortina do fim-de-semana.
No Portugal Suburbano não envelhecemos, porque toda a gente tem a nossa idade. Podemos perder tempo nas coisas mais estúpidas porque nunca seremos velhos e, apesar de não termos tempo para nada, nunca deixaremos de ter tempo para tudo. Talvez...
Trabalhamos, porque estamos todos na idade de trabalhar. E também a idade de procriar. Mas no Portugal Suburbano, essa é uma das exclusões de partida. Tens uma, ou tens outra. Se tens as duas, não te tens a ti.
Uma imagem sugere mil palavras de revolta.
PS: Desculpem o "velhos". Deveria dizer pessoas "de uma certa idade", em suburbanês.
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