quinta-feira, setembro 11, 2003

Proibido fumar

O Abram os Olhos escreve contra os excessos proibicionistas do tabaco, e concordo com ele.

Mas o que me chamou a atenção foi um argumento com piada: "um louco com um cigarro é apenas um louco" ou seja, o cigarro não é uma variável relevante na equação da loucura. Mais abaixo, escreve: "Por momentos invoco o brilhantismo de Charlie Parker, Basquiat, Miguel Piñero, homens que se sujavam com drogas mas que encontraram, em Nova Iorque, um abrigo e um espaço de invenção para o seu génio criativo. Na civilização branca eles nunca teriam existido." Ou seja, o cigarro é uma componente do génio. Parker nunca seria genial sem droga e tabaco e decadência.

Ou seja, o cigarro entra na equação quando dá jeito. Isto é típico de fumadores, tal como os outros dois argumentos: para quê chatear os cigarros, quando há tantos tubos de escape; x morreu com 100 anos e fumou toda a vida.

Os fumadores têm alguma dificuldade em justificar-se perante si próprios. Sabem que estão agarrados. Sabem que se pararem de fumar, nunca mais poderão voltar a ter o prazer de fumar. Sabem que se não pararem de fumar as probabilidades estão contra eles, como no casino. É pena.

Por mim, gosto de fumar. Mas sou livre de fumar. Ou não. E, na verdade, não me sinto mais inteligente ou mais o que for se estiver a fumar. Ou não.

(E prefiro os meus pulmões, naturalmente)