sexta-feira, julho 23, 2004

A Jangada de Pedra



Eis um caso em que a realidade ultrapassa a ficção. O forte vento que nas últimas semanas de fez sentir não é causado, como se pensava, por condições climatéricas específicas, mas pelo facto de o Continente se ter separado de Espanha e se encontrar neste momento à deriva.

Aparentemente, as correntes marítimas estão a levar o território português em direcção à América Latina, e as últimas indicações referem que estamos próximos das águas territoriais brasileiras, em frente à foz do Amazonas.

Decorrem neste momento negociações com o governo brasileiro com vista a atracar Portugal ao Estado do Amapá, mas até agora sem sucesso. O Brasil teme uma vaga de retornados e quer aproveitar o momento para rever a questão dos dentistas brasileiros, impondo condições leoninas. Brasília enviou para o local vários vasos de guerra da sua armada e teme-se uma escalada do conflito.

Entretanto Lisboa, incrédula com esta reacção dos irmãos brasileiros, tem  estudado várias alternativas de amarração. Fontes próximas do primeiro-ministro afirmam que ele veria com bons olhos a aceitação do convite endereçado pelo presidente Hugo Chavez, de quem é amigo pessoal, para que Portugal se junte ao território venezuelano. Alberto João Jardim e a forte comunidade madeirense naquele país são apoiantes entusiásticos desta solução. A localização geo-política da Venezuela tem cativado Pedro Santana Lopes, que recorda a beleza do povo venezuelano.

Contrário a esta opção está Bagão Félix. O Ministro das Finanças preferiria que Portugal encaixasse na Argentina, o que permitiria uma entrada rápida no Mercosul, de forma a poder sacar fundos estruturais. Simultaneamente, o Tratado de Windsor refrearia eventuais tentações hegemónicas da Argentina. Segundo as nossas fontes, após a exposição de Bagão Félix no Conselho de Ministros, Santana Lopez exclamou: "Ó Bagão, mas tu já olhaste bem para as gajas venezuelanas?". O que poderá ser um sinal de que o primeiro-ministro ponderou profundamente os vários argumentos e já tomou uma decisão (isto é, uma decisão diferente para cada um dos próximos dias).

Não é também de excluir que o país se desagregue, espalhando pedaços pela costa de toda a América Latina. Neste cenário de descentralização, cada pedaço de território levará associado um ministério ou uma secretaria de estado. A coordenação deste plano cabe à Secretária de Estado da Defesa dos Antigos Combatentes das Artes e Espectáculo, vulgo, Casa do Artista.