O Signo da Água
Ela a chorar na praia, a chorar por amor, talvez uma espécie de amor, não sei, eu não percebia. Talvez chorasse por mim, por eu não perceber. Estou ali, sentado junto dela, na areia. Não sei o que dizer, o que fazer. Será suposto exprimir alguma emoção? Isto é, para além de pânico? Estou realmente em pânico. Fujo. Fujo para as rochas. E, das rochas, contemplo-me junto dela, as suas lágrimas nas minhas mãos, na minha cara. Ela a chorar, a chuva miudinha a cair, a espuma forte de ondas de maré alta a chegar quase quase aos nossos pés. E o meu coração de adolescente descobre a harmonia universal sob o signo da Água, na fusão daquelas três fontes, e percebe que, em alguns instantes da nossa vida, podemos ser absolutamente felizes.
Ainda guardo um pouco da água desse dia. Nos meus olhos.
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