segunda-feira, abril 25, 2005

25 de Abril sempre (sempre aos dias úteis, quero eu dizer)

Os portugueses são uma grande família. Como qualquer família, os portugueses só se encontram em casamentos e funerais. Como casamentos e funerais não acontecem todos os dias (o que é bom, porque estas coisas são vagamente incómodas) vão-se esquecendo uns dos outros e, na verdade, estão demasiado ocupados a sobreviver ou a competir para que qualquer sentido comunitário exista.

O Portugal profundo é o subúrbio, e o 25 de Abril é apenas um feriado. O pessoal agradece, mas não sente, como não sente o 5 de Outubro. Na verdade, os portugueses só sentem o Natal, porque o festejam no centro comercial.

No 25 de Abril, sugiro a abolição dos feriados civis em todo o país, e os feriados religiosos só devem ser comemorados em localidades fora das áreas metropolitanas com menos de 5000 habitantes.

Qualquer festejo comunitário em Portugal tem um toque de absurdo, porque ninguém é alguma coisa. Ninguém quer pertencer a um clube que o aceite como sócio. Os sócios de qualquer clube são em geral bastante ridículos, em especial quando querem fazer cá o que viram fazer lá fora.

Acho que devíamos ir todos embora.

quinta-feira, abril 21, 2005

Da Glória da Oliveira, parte 2

A oliveira é explicada via Bento XVI, dado que Bento XV foi um pacifista na Europa da primeira Guerra. Tudo se explica pela alínea "paz" no post anterior e assim se cumpre a profecia.

Os designios do Senhor são absolutamente retorcidos.

quarta-feira, abril 13, 2005

O Portugal Profundo

Nos últimos dias, por força de necessidades circunstanciais, tenho frequentado o Portugal profundo.

Isto é, o Portugal que está na A5 em hora de ponta.

domingo, abril 10, 2005

De gloria olivæ

O profeta Malaquias associa ao próximo papa a designação "De gloria olivæ". Isto significa que, por interpretação simbólica, podemos ter um papa judeu (o arcebispo de Paris), que tenha um olival (o cardeal de Lisboa), seja da zona da oliveira (Portugal/Espanha/Itália/Grécia e, por extensão, América Latina) ou tenha cor escura (Cardeal Francis Arinze, da Nigéria) ou, finalmente, que esteja muito interessado em fazer a paz (todos?).

É impressão minha, ou isto é uma tripla?

domingo, abril 03, 2005

Enjoo liberal

Registo que alguns dos nossos estimados liberais blasfemos têm dificuldade em assimilar a aplicação das regras básicas de mercado à cobertura televisiva da agonia do papa.

Recordo que, de acordo com o seu deus do livre-arbítrio, cada um tem poder racional de decisão para não consumir, isto é, para apagar a televisão. Se isso acontecer, a oferta tenderá a ajustar-se dinamicamente à procura.

(Ou será que a teoria é aplicável a la carte?)